terça-feira, 27 de abril de 2010

Saudade

Galera

Esse texto escrevi ha dois anos atras no blog do Unisinos experience e foi o campeao de comentarios emocionados. Aí está para quem nao leu na epoca.

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QUE SAUDADE ....

Hoje decidi escrever sobra “saudade”, afinal quem nunca sentiu saudades de alguém, de um abraço, de um cheiro, de um momento, de situações que talvez jamais se repitam algum dia. Sabe pq estou escrevendo sobre esse assunto? Pq estava tomando uma água esperando as minhas amigas chegarem e na mesa ao lado uma senhora com cabelos branquinhos em altos papos com a neta. A amizade entre elas era tão bonita que me vez entrar no túnel do tempo.
Essa cena me fez sentir saudades das minhas avós que faleceram muito cedo. Uma morreu em 1989 e a outra em 1990. A mãe de minha mãe, morava conosco em casa e apesar de pequena lembro como senti essa perda. Durante quase um ano dormia na cama com os meus pais, eu dizia que o perfume dela estava presente no meu quarto quando eu tentava fechar os olhos para dormir. Era um cheiro de flores, muito esquisito mesmo, no fundo eu com nove anos me assustava com a situação. Isso só passou no outro ano, em 1990, quando a minha avó paterna, também moça, veio a falecer. Lembro da minha mãe entrando no quarto e falando que a Vó Carmen tinha ido para o céu. Só que dessa vez eu pedi para ir ate o velório me despedir dela e acho que para uma criança é muito complicado administrar uma situação dessas. Na época coloquei uma roupa azul que ela havia tricotado e lá estava eu, na pontinha dos pés, tentando ver a minha avó no caixão. Ate hoje aquela cena vem a minha cabeça. Ela estava com um vestido azul e um terço sobre as mãos que estavam super inchadas. Pequena, perguntei para a minha mãe onde estava a vo e ela disse que estava ali descansando. Na hora do Padre Joao rezar a missa à choradeira tomava conta de todo mundo e eu discretamente lamentava , mas sem querer demonstrar muito. O curioso e que depois de um tempo eu patinava no colégio Dom Bosco, e sempre dava um pulinho no São Joao para ver o tumulo dela. Resultado:
- Não dormia a noite toda ate que meu pai me desse um cantinho na cama junto a minha mãe.
Engraçado esses fatos e lembranças que temos quando pequenos. Sinto tanta saudade de amigos e parentes que hoje não pertencem mais ao nosso mundo. Saudade dos meus avos, do Padre Joao, do meu querido amigo Roberto que com 23 anos teve um câncer fatal, dos avos da minha melhor amiga Lívia, da minha cachorra Daia e de outros conhecidos mortos injustamente vitimas da violência que nos cerca na cidade.
Meu pai perdeu o seu pai qdo era criança. Ele tinha uns onze anos e meu avo perdeu a vida num acidente na ponte do Guaíba deixando minha avo com sete filhos. Sim! Eu disse sete filhos, sendo que dois eram gêmeos e bebes. Imagino o quanto deve ter sido duro para ele ver minha avo ralar para criar todos sozinha. Hoje percebo que meu pai sofre com isso, ficou alguma lembrança que muitas vezes acaba refletindo no comportamento dele com a nossa família. Fico pensando o quanto deve ter sido duro crescer sem a figura paterna e adquirir responsabilidades desde muito cedo.
Quando eu era menor, sempre pedia para minha mãe que eu morresse antes dela, pois não queria passar por tal sentimento. Ela me explicava que a ordem natural das coisas e que ela e meu pai partissem antes dos filhos e eu seguiria a minha vida com a então minha família.
Não quero pensar em perdas! Quero aproveitar o presente ao lado daqueles que mesmo sem demonstrar eu amo e de jeito nenhum quero ter que me separar. A realidade e que um dia essa separação vem e devemos aprender a lidar com ela. Saudade? Ah... Quem nunca sentiu saudades?!? O coração aperta, da aquele friozinho na barriga e a sensação de que nunca mais. Vivam! Vivam cada minuto intensamente ao lado daqueles que gostam, pois quem sabe amanha já pode ser o dia da inevitável “ saudade” .

2 comentários:

  1. Muito bom teu texto Dani, não chorei, mas foi por pouco, quando lemos algo assim inevitavelmente lembramos das situações parecidas que vivemos. Parabéns Dani

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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